segunda-feira, 20 de abril de 2009

Soneto de Fidelidade

De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.


Vinicius de Moraes



No outro dia, ia para o trabalho a ouvir a Rádio Renascença (sim, OK, ao fim de 15 anos, tornou-se um hábito...) e dei por mim a ouvir o actor brasileiro Paulo Goulart a declamar este poema de Vinicius de Moraes...
Bem, achei lindíssimo!! Como tal, não podia deixar de partilhar com vocês.
A fidelidade é sempre um tema tão subjectivo que dei por mim a pensar nele... E cheguei à conclusão que sou, de facto, fiel. Sou fiel aos meus princípios, aos meus amigos, às pessoas que amo, enfim, sou fiel por natureza.
Se é bom ou mau, sinceramente, não sei. Eu acho que é bom...
B&A