terça-feira, 26 de julho de 2011

[In] Conclusões

Em conversa com a minha mãe, agora mesmo ao jantar e a propósito de atitudes dela, acabei por concluir que as pessoas só fazem e/ou dizem aquilo que realmente lhes interessa fazer e/ou dizer. O que começou por ser uma simples constatação a respeito de uma acção dela, tornou-se como que a chave-mestra para me abrir horizontes e conseguir encaixar uma série de situações que têm ocorrido nos últimos meses e para as quais eu não conseguia arranjar explicação. De facto, a mente humana salta de assunto em assunto, de situação em situação, e acaba por fazer com que tudo encaixe, com que tudo se torne tão límpido e claro como água cristalina.

Não sei se está relacionado com o meu signo, ou não, mas tenho uma tendência natural a não aceitar muito bem quando algo vai contra aquilo que eu acho correcto. Obviamente, nem tudo o que acho correcto pode ser o correcto para as outras pessoas, nem questiono isso. Há que aceitar as opiniões divergentes da nossa, aliás, é sempre da discussão e da contradição que nascem as grandes inovações!

Mas quando se trata de irmos contra o que nós mesmos apregoamos, contra tudo aquilo que defendemos, então o caso é mais grave ainda! E, nessas alturas, nem consigo - nem quero! - fazer o esforço para tentar perceber. E a situação há pouco cá em casa foi desse género. Em alturas destas, aprendi a resignar-me ao silêncio, a roer-me todo por dentro tal é a vontade de me impôr em defesa do que acho ser o mais coerente. Mas em silêncio...

De facto, nos últimos meses, tenho-me apercebido que muitas coisas mudaram... para pior! Incoerências entre palavras e atitudes, faltas à verdade, omissões... Tenho apanhado, um pouco por todo o lado, de tudo isto um pouco. E não gosto... não gosto mesmo nada! A meu ver, uma das piores coisas que alguém pode fazer é ir contra si mesmo. Podemos defender as nossas opiniões contra as de um amigo, temos esse dever, sempre na base do respeito pela opinião contrária; mas ir contra o que nós consideramos ser correcto?! Isso NUNCA! "Vender" uma coisa e praticar outra totalmente distinta?! Perder o respeito por nós mesmos?! JAMAIS!!

Por outro lado, se estamos a agir de acordo com a forma que consideramos correcta mas essa forma é baseada na mentira, na omissão, na incoerência para com as pessoas que mais prezamos, então todo o nosso comportamento anterior soa a falso, são apenas palavras que nunca foram sentidas mas ditas, isso sim, apenas para agradar. E isso, mais ainda do que revoltar-me, entristece-me... Muito mesmo! Fui assim desde sempre, nunca soube lidar com o desconhecido; prefiro lidar com o que conheço, daí que prefira que as situações sejam claras, detesto meias palavras, prefiro que me digam se gostam ou não gostam de mim em vez do habitual "hum, sim, és fixe". E reajo muito, mas mesmo muito mal à mentira, à falta de coerência, à omissão.

O curioso nisto tudo é que, também desde sempre, me recordo, tal como dizia anteontem a um amigo meu, de que tudo o que vai contra os parâmetros da normalidade acaba por me saltar à vista, mais tarde ou mais cedo. Ou com base numa desconfiança, acabo sempre por confirmar as minhas suspeitas. Será um dom... ou um castigo?! Às vezes não sei, confesso-vos. Um exemplo disso, tal como lhe contei a ele, foi há uns anos a montagem de um armário cá em casa. Alguns minutos depois de o vendedor sair e deixar o armário, olhei para o dito, a alguma distância e disse "Mãe, o móvel tem um defeito!!" E, apesar das habituais repreensões da minha mãe, o móvel tinha mesmo um defeito!

Não é fácil ser assim, às vezes é mesmo muito cansativo... Mas nada na vida é linear, muito pelo contrário. A vida é como uma estrada, com altos e baixos... como a da imagem.

Voltem sempre.

B&A

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Círculo Imperfeito



Perco-me por aí...

Perco-me na imensidão do mar de pessoas, nas gentes que passam uma e outra vez...

Perco-me nos cheiros que dançam no ar tocando o meu olfacto...

Perco-me na brisa que toca o meu corpo despido de preconceitos e os demais corpos...

Perco-me nos sons que abraçam o meu ouvido e me encantam a alma...

Perco-me nessas ruas que se contorcem umas nas outras com ou sem destino...

Perco-me nos olhares de quem passa e me olha como um estranho...

Perco-me no desconhecido que conheço cada vez melhor...

Perco-me... mas perdendo-me, encontro-me!

Perco-me de Ti... encontrando-me em Mim!

Como num círculo, tão imperfeito como eu, que volta sempre ao seu início...