Saio para a rua, a necessidade de arejar as ideias e de me sentir vivo impelem-me a isso. Faço-me à estrada e conduzo sem destino, sozinho com os meus pensamentos e com a música que toca no rádio do carro... Penso em tudo e não penso em nada. Limito-me a percorrer as estradas como se quisesse chegar a algum lado quando, na verdade, não pretendo chegar a lado algum... Uma recta, uma curva, rotundas aqui e além e sigo sempre sem parar... Dizem que "parar é morrer" e eu tenho ainda uns anos pela frente - espero eu!
Sigo pela estrada e apercebo-me do fraco movimento na mesma... Não é muito habitual. Ou, se calhar, eu é que não costumo andar naquelas estradas àquela hora... E isso faz-me pensar em como, tantas vezes, estamos tão sozinhos, tão abandonados, tão acompanhados apenas de nós mesmos... E penso se isso se deve a ser como e o que sou ou se se deve a que os demais não sejam aquilo que são... Se calhar são ambas razões válidas.
E sigo na estrada, ainda sem destino... E penso se não estarei a insistir em percorrer uma estrada que não me leva a destino nenhum. Se não estarei apenas a ser teimoso ao percorrer uma estrada que não deseja ser percorrida, que apenas pretende existir sem que a magoem ou, quiçá, apenas não quer ser percorrida por mim...
E volto para casa... Na estrada como na vida, sozinho e sem conseguir encontrar um destino...
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